tag:blogger.com,1999:blog-43286044276535699302024-03-12T19:35:39.157-07:00Crônicas de Arnaldo JaborCrônicas de Arnaldo JaborSpósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-10147358986907743412012-05-17T11:37:00.001-07:002012-05-17T11:37:15.066-07:00A humanidade sempre foi uma ilusão à toaESTOU DE SACO cheio; vou telefonar para o Nelson Rodrigues para ver se ele
me dá alguma luz, lá do céu. Disco o telefone preto. Não quero mais falar sobre esta
guerra santa, mas caio sempre neste tatear confuso, tentando raciocinar com as luzes do
bom senso, de causa e efeito, da psicologia. Mas o terror não se explica. Ali, entre o Tigre
e o Eufrates, é que nasceu o mundo e pode ser que acabe ali também. O telefone toca. Já
ouço as risadinhas dos serafins que ficam contando piadinhas de sacanagem.
— Nelson... sou eu, o Arnaldo...
— Você me ligando, rapaz... como um telefonista de si mesmo... Achei que tinha
me esquecido...
— Eu jamais te esqueço... mas estou apavorado com a História humana...
— Pára com isso, rapaz, a História não existe... Não é que a História acabou, como
disse aquele japonês do Pentágono; não, a História nunca existiu... Ela foi uma invenção
daquele alemão, o tal de Hegel, que, aliás, está ali sentado numa nuvem, chorando
lágrimas de esguicho numa cava depressão... O sujeito achava que a "história" se movia
em direção a uma "espiritualidade absoluta" e, de repente, descobre que meia dúzia de
malucos, cheirando a banha de camelo, com camisolas imundas e com a face alvar da
estupidez completa, está transformando a vida humana numa sinistra piada de português...
ah! ah!... A História humana é um pesadelo humorístico. Você achava que a vida era
movida pelas "relações de produção" e coisa e tal... Pois, está aí... a única coisa que existe
é a loucura humana... Aqueles macacos que, na Idade do Gelo, se esconderam numas
cavernas sujas pra não morrer de frio tiveram de inventar a tal da "linguagem", para
preencher o vazio entre eles e a natureza... O homem não é superior aos outros animais,
não. Ele é inferior, ele veio com defeito de fábrica... O Nietzsche, aquele cara esquisitão
que também anda por aqui, bigodudo, muito sério, falando sozinho, escreveu que "num
planeta distante, animais inteligentes inventaram o Conhecimento. Foi o instante mais
arrogante e mentiroso do universo. Mas, depois de alguns suspiros da Natureza, o planeta
acabou e os tais animais inteligentes morreram..." O Nietzsche é um craque... Sempre que
eu posso, tomo um cafezinho com ele.
— Mas Nelson, o herói suicida é invencível...
— Engraçado... todo mundo está impressionado com os suicidas... A coisa mais
fácil do mundo é o sujeito se matar, rapaz. Na minha infância profunda, toda semana,
casais de namorados se jogavam do Pão de Açúcar, os amantes faziam pactos de morte e
tomavam guaraná com formicida, as mocinhas ateavam fogo às vestes e se jogavam dos
prédios como busca-pés de São João... Era lindo... as mulheres suspirando por um
suicídio de amor...
— Mas esses caras acham que o suicídio leva ao céu... Aliás, você viu algum deles
por aí?
— Olha... a gente só vai para o céu em que acredita... Os árabes não vêm para cá...
Se bem que o paraíso deles até que não é longe... Outro dia, eu resolvi dar uma espiadinha
lá... Rapaz, parecia o baile do Bola Preta! Os terroristas eram como artistas de televisão,
dando autógrafos, cheios de macacas-de-auditório em volta. O Muhamad Atta, aquele
chefe-suicida, estava deitado numa cama de ouro e rubis, com odaliscas do Catumbi
rebolando a dança do ventre, ali, feito a Feiticeira... Tudo que eles jamais tiveram no
deserto eles têm aqui em cima.
"Pois, agora, rapaz, vou te dizer uma coisa 'social': os reis da Arábia Saudita, da
Líbia, do Iêmen, todos adoram que o inimigo seja o americano, vivem felicíssimos nos
seus palácios com cascatinhas artificiais e filhote de jacaré nadando dentro, enquanto os
miseráveis batem cabeça para Alá e não percebem que são os otários de Maomé... Isso é
que é o haxixe do povo!
— Nelson, você ficou marxista aí no céu...
— O Marx me chama de "reacionário", mas me ouve muito... Ele anda
chateadíssimo com as bobagens que escrevem sobre ele, inclusive amigos da Academia...
Eu disse para ele: "Olha, Marx, a burrice é uma força da natureza, feito o maremoto"...
Ele vive repetindo isso, achou uma graça infinita... Bom sujeito, o Marx...
— É... mas a História andou mil anos para trás...
— Rapaz, nunca saímos da barbárie... pensa bem... tivemos duas guerras mundiais
num século, sem contar Vietnã e coisa e tal... Se os alemães fizeram aquilo tudo, se os
americanos derreteram 150 mil em 30 segundos em Hiroshima, imagine aqueles
cretinos... Reparou que eles parecem um homem só ? Todos calmos, com a certeza da
verdade lhes iluminando a fisionomia... A loucura é calma, o louco não tem dúvidas... Por
isso, eles vão ganhar sempre... A razão é um luxo de franceses...
— Mas e o futuro da humanidade...
— O mundo nunca foi feliz... esse negócio de paz e felicidade global é invenção
do comércio americano... O que houve agora é que os terroristas jogaram a gente de volta
para dentro da tal "História". Além do mais, isso tinha de acontecer... Como o homem ia
suportar aquela paz americana, com tudo arrumadinho como um supermercado... A
loucura é a revolta do animal domesticado dentro de nós... Esse papo da Humanidade toda
dando milho para os pombos na praça é lero-lero... Deus não quer isso. Vai olhar a Bíblia,
o Torá; é tudo no "olho por olho"... Lembra a Inquisição? Deus é violento... (tô falando
baixo que ele tá ali perto consolando o Hegel) .
— Mas o ser humano...
— Rapaz... a humanidade é uma ilusão. "Tudo que é real é irracional, tudo que é
irracional é real." Se o mundo acabar, não se perde absolutamente nada...
— E nós?
— Agora sim, seremos o país do futuro. Graças a Deus, eles, os americanos, vão
nos esquecer um pouco... Aí, a gente pode ir construindo a nossa grande Bahia
intemporal, nosso Rio transcendental, nosso grande carnaval permanente. Finalmente, o
subdesenvolvimento servirá para alguma coisa...
— Deus te ouça, Nelson...Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-57794424136668859952011-04-07T06:57:00.001-07:002011-04-07T06:57:47.787-07:00Suzane, 19 anos, bela e rica, matou por amor* Suzane Louise Richtfen (19 anos)e seu namorado, Daniel de Paula e Silva (21<br />anos) foram acusados de assassinar os pais dela em outubro de 2002. Segundo a jovem,<br />ela matou os pais por eles não aprovarem seu namoro.<br />CRIME HORRORIZOU todo mundo. Até os assassinos na cadeia chocaram.<br />Mesmo no mundo do crime há uma ética a preservar, mesmo o pior criminoso tem um<br />interdito moral. O crime de parricídio e matricídio premeditado durante o sono é mais que<br />um crime; é uma viagem ao desconhecido, é o desejo de atingir um recorde supremo. Não<br />há nada pior. Que delito Suzane e seus cúmplices poderiam considerar mais hediondo?<br />Suzane está no topo, nada há além dela. Ela nos aterroriza com sua crueldade. Os dois<br />monstros boçais ainda dá para entender: queriam grana, motocas e tatuagens, filhos dessa<br />geração de shoppings e violência.<br />Ela, não. Precisamos encontrar explicações para ela, senão ficamos<br />ameaçadíssimos. O crime sem motivo nos desorganiza. Se eIa, jovem, bela e rica, matou,<br />que será de nós ?<br />O crime sujo da favela apenas nos dá medo. O crime limpo e rico nos desampara,<br />nos dá vertigem. Suzane nos leva à beira da loucura, mas ela não é louca. Então, ela<br />matou por quê? — perguntamo-nos. Isso é que fascina e apavora no psicopata: ele toca<br />em nosso mistério. Vizinhos e amigos sempre dizem: "Eram doces, educados, tímidos..."<br />Até a hora em que metralham espectadores num cinema ou matam pai e mãe dormindo.<br />Por isso, os psiquiatras buscam "causas", como se a vida social fosse um contrato<br />de bom senso, como se fôssemos animais racionais e a loucura, um "desvio". É o<br />contrário: a sociedade é que é um desvio. Não adianta ter ódio de Suzane; não há punição<br />que apague o seu crime, não há como pagar sua dívida. O inferno cotidiano que ela terá<br />não apagará aquele momento, sempre além de qualquer entendimento.<br />Mas mesmo os psicopatas precisam de uma razão maior para justificar o crime.<br />"Matei por amor...", diz a menina de 19 anos, fina, linda, universitária. No entanto, esse<br />amor que a menina invoca é outro "amor". Ela e todos nós precisamos "justificar" esse<br />crime. Ou seja, deve haver um motivo para se matar a mãe. Ela também precisa de um<br />motivo, pois ela não sente culpa porque matou. Ela matou justamente para preencher um<br />grande vazio em seu mundo interno, matou para atravessar um deserto afetivo, matou<br />porque não sentia culpa, matou por vingança de não sentir culpa, matou até para tentar<br />sentir alguma culpa, sentir até algum... amor.<br />Por isso, sua declaração nos apavora: "Matei por amor! " Matou, sim, por amor,<br />para conseguir um pavoroso amor por que ela ansiava. Que estranho amor é esse ?<br />Eu acho que ela buscava o "amor" da hora. É o amor que nos grita de dentro do<br />comércio, de dentro do consumo, que nos chama de c dentro de um narcisismo impossível<br />de ser satisfeito, um amor que consome tudo, querendo uma felicidade absoluta, com a<br />abolição de todos os vínculos, todas as barreiras do "Édipo", todos os deveres sociais,<br />Suzane quis fazer um gesto imperdoável para sempre, absoluto, livre para sempre da<br />condição humana, quis o sangrento incesto invertido com os pais deitados na cama onde<br />Ia foi (talvez?) feita.<br />Esse crime seria uma espécie de conquista de Poder, sim, o poder de estar acima<br />dos sentimentos, da justiça, o poder de viver sem ;sociedade em volta, um poder maluco<br />que vemos anunciado nas entrelinhas das ideologias de hoje, nas gargalhadas sem<br />remorso nas revistas, na abolição descarada da compaixão, na promessa da satisfação<br />total, na fome de ter "tudo", O poder de liberdade crua que Suzane almejou me lembra o<br />poder que os Macbeth conquistariam, depois de "assassinarem o sono".<br />A frase da peça que mais me aterroriza é quando lady Macbeth, preparando-se para<br />o crime, grita a Deus ( ou ao demônio) : "Unsex me!" ( "Dessexualize-me !") Ou seja:<br />"Tire de mim a bondade feminina, transforme-me não num homem, mas tire o sexo de<br />mim, para que eu seja um ser livre da diferença, livre da condição humana dividida e me<br />transforme num ser monobloco, com um desejo só."<br />Como seria o amor de Daniel e Suzane, "Romeu e Julieta" ao contrário, se tudo<br />tivesse "dado certo"? Com os pais mortos, grana no bolso, garupa de motocicleta, os dois<br />teriam uma espécie de fusão, de orgasmo contínuo, acima da vida, acima do cotidiano,<br />pois ninguém mais poderia existir — só eles. i<br />A sociedade está tão narcisista, tão excludente de qualquer solidariedade, tão brutal<br />no seu desejo de satisfação, que contamina até os privilegiados. A pulsão de morte anda<br />solta. Vivemos atacados pela brutalidade do noticiário, pelos homens-bomba, pela<br />estupidez da cultura que gera batalhões de rapazes criminais, sem camisa, obcecados por<br />uma felicidade de consumo impossível. Não somente as balas nos atingem, mas também a<br />imensa boçalidade da cultura.<br />Suzane é psicopata, mas nossa sociedade também o é. Não há explicação para esse<br />crime. Não adianta procurar causas, traumas. Esse crime ficará sempre em aberto.<br />Misterioso, como nosso destino.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-87625498798700835962011-04-07T06:53:00.001-07:002011-04-07T06:53:23.805-07:00Resposta a uma moça 50 anos depoisOUTRO DIA, ESCREVENDO sobre meu passado, falei de uma menina da Urca<br />que, de longe, eu considerava minha namorada, Silvinha, moreninha de olhos verdes.<br />Dias depois, recebi um e-mail assim:<br />"Meu amigo Arnaldo,<br />Lisonjeada fiquei ao ler sua coluna de 29/06 pp. por me ver citada em suas<br />reminiscências. Hoje, com 46 anos de casada, com dois filhos e dois netos, entristece-me<br />pensar que a meninada atual não pode ter a infância livre e despreocupada que tivemos e,<br />portanto, não terá as lembranças das peripécias próprias de cada fase. Ah, bons tempos!<br />Agradecendo as citações, deixo aqui um saudoso abraço. Hoje, sou a 'grisalhinha' de<br />olhos verdes.<br />Silvinha!<br />Fiquei emocionado com o e-mail e agora respondo.<br />Querida Silvinha,<br />Hoje, mais de 50 anos depois, vou dizer o que sentia por você. Você foi o que eu<br />imaginava o que seria uma "namorada". Você despertou em mim um tremor novo, a<br />primeira emoção do que mais tarde vi que chamavam "amor". Em uma tarde cinzenta, em<br />frente ao portão de sua casa, eu senti uma alegria inesquecível como se tudo ali estivesse<br />no lugar perfeito: a brisa leve da tarde, a paz da rua, o silêncio sem pássaros, você<br />encostada no portão marrom do jardim. Não sei por que, senti uma felicidade<br />insuportável, como se ouvisse o calmo funcionamento no mundo. Percebi confusamente<br />que ali, no teu sorriso, ou olhos, ou boca, estava a explicação do sol filtrado em listras<br />entre as folhas da árvore e a perfeição do som agudo que tirei da folha de fícus enrolada<br />como uma flautinha vegetal, instrumento que hoje os garotos não conhecem mais.<br />Esse foi um momento que me ficou nos últimos 50 anos. Depois, uma brincadeira<br />também esquecida: "casamento japonês", onde se escolhia uma menina a quem se<br />perguntava: "Pêra, uva ou maçã"; você disse "uva" e eu beijei timidamente seu rosto,<br />sentindo-me, em seguida, voar por cima do seu jardim, vendo as casas da Urca lá<br />embaixo. E, assim, você ficou de namorada oficial de minha infância imaginária.<br />Não sei por que, Silvinha, sempre tive fascinação por meninas que me deixavam<br />arrebatado e com medo ao mesmo tempo, sempre e algum modo as meninas que me<br />atraíam me pareciam inatingíveis, etéreas, como se fossem destinadas a outros e não a<br />mim... essa impossibilidade aumentava meu fascínio de pierrô.<br />Aliás, devo confessar hoje, 50 anos depois, que você não foi a única.<br />Márcia corria de bicicleta pela pracinha e só tinha olhos para o Porcolino e olhava<br />com desdém sorridente para minha tentativa de alcançá-la na bicicleta, e eu via suas<br />pernas sob a saia que ventava e a bicicleta parecia deixar um rastro de cometa de Márcia;<br />também, mais tarde, ainda sem te esquecer, confesso que me apaixonei por Ciomara, que,<br />percebendo meu interesse tímido, aplicou-se em me espezinhar, tendo eu sofrido muito<br />vendo-a cantar provocativamente "Vivo esperando e procurando Cervantes no meu<br />jardim", uma versão da música "Four-leaf clover", um sucesso na época, que ela adaptou<br />para conquistar Cervantes, o belo half-back do time Arsenal. Ciomara me fez sofrer,<br />vendo-a de mãos dadas com ainda outro, para espicaçar também Cervantes, não eu,<br />debaixo dos flamboyants carregados de flores vermelhas.<br />Devo dizer também que fui crescendo e enlouqueci de um amor mais carnal por<br />uma moça mais velha, Isadora, de pernas lindas no maiô roxo Catalina, alva, de boca<br />rubra com muito batom. Daí para a frente, Silvinha, já adolescente, comecei minhas<br />incursões pelo mundo do pecado, sempre instruído por meu professor de sacanagens, o<br />saudoso pipoqueiro Bené, que você certamente conheceu, ele que me induzia às mais<br />pecaminosas ações solitárias, dando-me revistinhas de mulher nua, ainda ingênuas, como<br />Saúde e Nudismo, cheias de moças azuis, deitadas em praias remotas. Nessa época eu já<br />vivia em Copacabana, na casa de meu avô, onde eu tinha mais liberdade que sob as<br />ordens de mamãe. Lá no Posto Seis, no escuro dos cinemas, as primeiras namoradas se<br />retorciam e se recusavam ao assédio a seus desejados peitinhos, me deixando enroscado<br />em intrincados sutiãs cheios de presilhas e elásticos, que me impediam de chegar à<br />maciez dos seios ocultos, enquanto tiroteios rolavam na tela e eu me embaraçava nas<br />terríveis teias das alças, de onde saía desesperado com dores nos rins de tanto ardor<br />insatisfeito.<br />Depois, Silvinha, continuei minha trilha pelos caminhos que se abriam para os<br />jovens solitários daquela época: as casas de pecado do Catete, os famosos rendez-vous, o<br />que me fez dividir as mulheres em "santas" e "prostitutas", ficando as santas como você<br />em minha memória e as outras sendo fonte de erros e sofrimentos. Todas, então, santas e<br />bruxas, eram intangíveis, todas impossíveis. Veja como se formavam os jovens nos anos<br />50 para o amor.<br />Não conversamos nunca, Silvinha, você nem soube que era minha namorada<br />secreta, e vivemos esse meio século em mundos diversos. Você deve ter sido feliz, com<br />filhos e netos, seguindo a trilha natural que saía do seu jardim, enquanto eu tive um<br />caminho mais torto, sempre meio fora das coisas que eu via acontecer.<br />Tenho inveja das estradas largas e sadias e talvez eu tivesse sido mais feliz, se<br />tivesse feito a Escola Naval como meu pai queria, e hoje fosse um orgulhoso almirante<br />comandando cruzadores pelos mares do meu Brasil.<br />Mas não posso me queixar de nada, casei várias vezes, tive duas filhas e um filho<br />maravilhosos, chorei muitas vezes de dor-de-corno e de desentendimento, mas não posso<br />me queixar, pois, além do que vivi, vejo hoje que as memórias são tão sólidas quanto as<br />realidades, que muitas vezes se esvaem mais rápido que aquelas. Você ficou como uma<br />primeira sensação do que chamam "amor". E como diz o poeta: "...as coisas findas, muito<br />mais que lindas, essas ficarão..."<br />Beijo tardio,<br />do Jabor.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-44528208539900332982011-04-07T06:48:00.001-07:002011-04-07T06:48:55.022-07:00O chato é antes de tudo um forteESTÁ TUDO TÃO chato no Brasil, que vou escrever sobre os chatos. Você é<br />chato? Nunca saberá. O chato não se sabe como tal, ou melhor, sabe sim, mas sempre tem<br />a esperança de sair da categoria e ser aceito como não-chato. Por isso, chateia todo<br />mundo. O chato é, antes de tudo, um carente. Ele vive do sangue dos outros, do ar dos<br />outros, o chato precisa de você para viver. Sozinho, o chato não existe. Existem vários<br />tipos de chatos. O mais famoso é o chato de galochas, que eu pesquisei e descobri que a<br />origem do termo fala do cara que sai de casa com chuva torrencial, põe as galochas e vai a<br />tua casa para te chatear. Há chatos masoquistas e sádicos. O primeiro é aquele que gosta<br />de chatear para ser maltratado: "Porra, não enche, cara!” Adora ouvir esta frase, para<br />remoer um rancor delicioso que valoriza sua solidão: "Não me entendem, logo sou<br />especial!" O chato sádico, não. Ele quer ver teu desespero e escolhe os piores momentos<br />para te azucrinar: "Poxa...sua mãe morreu ontem, mas ouve meu problema com minha<br />mulher..."<br />Eu não vou fazer aqui um tratado geral dos chatos, como já fez o Guilherme<br />Figueiredo, aliás um livro chato. Como lutar contra eles! Por exemplo, o Tom Jobim, uma<br />das maiores vítimas de chatos, ensinou-me um truque: "Use óculos escuros. O chato fica<br />desorientado quando não vê teus olhos. O chato adora ver o próprio rosto refletido em<br />teus olhos desesperados. Com você de óculos escuros, ele desiste e vai embora." O chato<br />gosta de ver teu sofrimento, por isso não adiantam as respostas malcriadas, resmungos.<br />Ele gruda mais. Nem adianta fingir simpatia, na esperança de que ele parta. Não há<br />solução. Se bem que a reza ajuda. O chato está falando e você ali lembrando a "Ave-<br />Maria". Te acalma como um mantra e Deus pode vir em tua ajuda.<br />Outra técnica que funciona muito é chatear o chato. Seja o chato do chato. Ele<br />pergunta: "Por que você não volta a fazer cinema? " E você retruca: "Que você está<br />achando do PMDB?" Faça-o falar, como o Freud agia com as histéricas. O chato falador é<br />mais suportável do que o chato perguntador. Depois que eu comecei a falar na TV, virei<br />um papel apanha-moscas para chatos. Não quero bancar o famosinho mas, veja bem<br />( como dizem os chatos) , o sujeito te vê na TV, no quarto onde ele está transando com a<br />mulher e você na tela, falando sobre o Chavez... O cara fica íntimo teu e te agarra na rua,<br />no shopping e gruda, como um colega conjugal. Uma vez, tinha um chato no celular<br />(grande tipo novo, o chato do celular) e eu tomando um cafezinho no aeroporto, oito da<br />manhã, indo para Porto Velho, com conexões. "Ihh... meu amor... sabe quem está aqui ao<br />meu lado? ... O Jabor... é e... quer ver?" Se vira para mim e: "Fala aqui com minha<br />namorada... o nome dela é Eliette." Esse é primo do chato-corno: "Minha mulher te ama;<br />dá um autógrafo pra ela... Escreve: Te amo, Marilu..." (O chato-mala nunca tem caneta ou<br />papel): "Escreve aqui mesmo neste guardanapo molhado..."<br />Temos também o chato do elevador. Estou num elevador vazio, indo para o 20Q.<br />Entra um cara e me olha. Eu, precavido, já estou de cabeça baixa. Há uns momentos<br />tensos de dúvida: "Ele ousará falar? ", eu penso. "Falo com ele ? ", ele pensa. Passam uns<br />andares. "Ele não vai agüentar", eu penso. Não dá outra. "Você não é aquele cara da TV?<br />" "Sou... ha ha...", digo, pálido, fingindo-me deliciado. "Só que eu esqueci teu nome...<br />Como é teu nome mesmo?" "É Arnaldo", digo eu, querendo enforcá-Io na gravata de<br />bolinhas. "Não... é outro nome... ah... é... Jabor... isso... porra, claro... E é você mesmo<br />que escreve aquelas coisas... ? " E eu penso, sorrindo simpático: "Não; é a tua mãe que<br />me manda lá da zona."<br />Tem o chato-mala, sempre no ataque. Outro dia, também no aeroporto, eu subindo<br />uma escada, com duas malas e o cara berrou: "Eiii, me dá um autógrafo! " Todo mundo<br />olhando e eu com duas malas. "Não me leve a mal, mas estou pegando o avião..." E ele:<br />"Poxa... tu tá ficando é muito mascarado, cara! "<br />Um dia, houve o clímax, a apoteose do chato do autógrafo. Fazia eu um modesto<br />xixi num banheiro de cinema, aquele xixi triste e pensativo, quando o cara chegou: "Me<br />dá um autógrafo?" Fiquei uma arara: "Estou fazendo xixi... tu quer o quê?" E ele: "Qual é<br />a tua? Tá pensando que eu sou viado? Enfia esse autógrafo..."<br />Tem muitos tipos. Tem o chato crítico. Ele te agarra na rua e começa com elogios<br />rasgados: "Você é o máximo; aquele teu artigo foi demais, mas... (trata-se do chato do<br />'mas'...) mas, você disse uma besteira horrível — o PIB da China não é aquele que você<br />falou..."<br />Um chato muito encontradiço é o chato da Ponte Aérea... Ele fica à espreita na<br />sala, atrás de uma coluna. Você entra... ele te vê de longe... Você pensa: "Será que ele me<br />viu?" Você finca os olhos no jornal, trêmulo de medo e esperança. Dali a pouco, passos a<br />teu lado, uma maleta pousando no chão e ele gruda: "Posso lhe dizer uma coisa...?" E pela<br />lei de Murphy, em geral ele estará na poltrona ao lado no avião.<br />Tem o chato da foto: "Posso tirar uma foto com você ? " Pronto. Lá estou eu na<br />rua, abraçado a um idiota de bigode, com todo mundo olhando. Flash! E o cara some num<br />segundo, com um rápido "obrigado". Esses só querem nos roubar a imagem... O chato da<br />foto sempre me deixa carente...<br />Há muitos tipos. O chato-altissonante, por exemplo. Grita no bar, de longe: "Ei,<br />labor, que que tu tá achando da guerra Israel-Árabe?" Um altissonante uma vez me berrou<br />na saída de um teatro: "Adoro você... ( eu sorrio, rubro de modéstia) mas tu precisa parar<br />falar besteira sobre o Lula, hein... ! Olha, por isso o Ferreirinha aqui te odeia! " (Ao lado<br />dele, está o "ajudante de chato", rindo com deboche. )<br />Tem todo tipo. E agora tem os "e-chatos" na internet que, aliás, botaram na rede<br />artigos boçais e maniqueístas, que eu nunca escrevi, assinados com meu nome. Já<br />puseram um em que "eu" esculhambava a Adriane Galisteu. E agora tem outro rolando,<br />chamado "Faz parte", onde o falso "eu" humilha aquele rapaz que ganhou o Big Brother.<br />Além de e-chatos, esses são canalhas e burros.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-56553346358822005232011-04-07T06:42:00.000-07:002011-04-07T06:45:43.434-07:00Meditações diante do bumbum de JulianaULTIMAMENTE SÓ HOUVE um assunto nesse bendito país: o bumbum de<br />Juliana Paes na Playboy .O bumbum era esperado como um messias redentor, aguardado<br />como a salvação do Brasil neste momento sem graça.<br />Políticos, bancários, eu, todos ansiávamos por esse bumbum como por um Maomé,<br />um profeta. O que poderia nos revelar esse bumbum ?<br />Corri para as bancas e comprei a Playboy sob o olhar debochado do jornaleiro que<br />me reconheceu e perguntou se eu não ia levar o The Economist também. "Claro, claro...",<br />respondi, vermelho. Chego em casa, rasgo a capa de plástico com as mãos trêmulas, abro<br />com uma sensação de pecado e esperança, e vejo Juliana Paes em seu esplendor. Folheio<br />a revista e caio numa perplexidade muda.<br />Antes de continuar, devo dizer que já escrevi sobre o bumbum da Feiticeira, o<br />bumbum da Tiazinha e continuo sem uma palavra apropriada. Não há na língua<br />portuguesa um termo corrente para essa parte do corpo. A palavra "bunda" tem uma<br />conotação pejorativa, um substantivo já adjetivado de saída. Há eufemismos como<br />"traseiro" ou metonímias como "nádegas", "glúteos" etc... Portanto, "bunda" é a palavra<br />certa...<br />Muito bem; com todo o respeito, a bunda de Juliana me deixou aparvalhado. Não<br />sei se esperava muito; só sei que fui tomado por uma funda decepção. Não sobre a beleza<br />da bunda, pois é muito bonita, sim, mas pelo choque de realidade que me trouxe. Afinal,<br />verificamos que era apenas uma bunda e não um enviado de Deus, era apenas uma moça<br />que nos parece gentil, romântica, bondosa como uma babá, mostrando o bumbum como<br />um bebê recém-nascido.<br />Ela sorri, parecendo dizer: "É só isso o que vocês queriam? Ora... pois aqui está<br />minha bundinha..." Olhei o bumbum de Juliana por todos os ângulos, e nada aconteceu,<br />sexual e filosoficamente. Confesso, Juliana, com todo o respeito, que imaginei cenas<br />eróticas comigo mesmo, com outros e nada senti... Pensei: "Estou decadente, ou as uvas<br />estão verdes..." Mas, não, não era isso. Bateu-me mesmo uma certa tristeza, de ver aquela<br />moça ali, satisfazendo nosso desejo bruto e invasivo, esse povo de onanistas e sodomitas<br />sempre desejando a mulher por trás. Senti um vazio ao ver um segredo revelado,<br />estragando com sua nudez meridiana a glória da moça da novela. Algo como água fria<br />num sucesso, algo como a traição contra Zeca Pagodinho, no auge de sua ascensão. O<br />mercado estraga o prazer, programando-o. Toda a beleza do mito é justamente seu<br />mistério inacessível, seu enigma não decifrado. Juliana da novela não é só sua bunda.<br />Ela é a doce ingênua do subúrbio, a moça generosa, dadeira, mas honesta, com seu<br />rosto redondo de brasileira, com largos quadris de boa mãe leiteira.<br />Sua nudez não tem a norma perversa das playmates típicas. Falta-lhe a crua<br />perversão das outras, gatas ferozes prometendo sexo selvagem. Não. Juliana tenta rostos<br />sacanas, mas só passa uma doçura incontrolável, faltando-lhe a catadura zangada das<br />punks ou sadomasoquistas.<br />Daí, me bateu a verdade inapelável e cruel: a bunda não existe. Só existe a "idéia"<br />de bunda, o conceito platônico de bunda. Isso. No caso de Juliana, o bumbum real destrói<br />o bumbum imaginário. Sempre sonhamos com aquele bumbum adivinhado sob os<br />vestidos na novela e ele tinha a multi-dimensão rica de uma metáfora. Ele era todos os<br />bumbuns, ele era uma promessa de vida em nossos corações. Mas, diante do bumbum<br />real, a vida perdeu o mistério, tudo se aquietou na paz da anatomia óbvia. Vemos, com<br />clareza e realismo, que é apenas um bom bumbum brasileiro, que um dia cairá, como o<br />PT.<br />Por isso, me pergunto por que a bunda é nosso símbolo? Para os anglo-saxões são<br />os seios, leiteiros, alimentícios. O bumbum para nós, ibéricos, é menos inquietante que a<br />vagina; essa nos lembra fecundidade, essa nos coloca diante da responsabilidade da<br />criação da vida, e até dos perigos da devo ração pela fêmea dentada e potente. A vagina é<br />um pênis embutido; a vagina é o "ouro" e merece respeito. Já o bumbum, por infecundo, a<br />reboque do corpo, tem uma imagem mais propícia para sacanagens sem perigo, além de<br />ser uma herança do homossexualismo deslocado dos senhores portugueses diante da<br />negras zulus nas senzalas.<br />Por isso, afirmo que o bumbum de Juliana é uma bunda romântica, familiar. No<br />caso de Tiazinha ou da Feiticeira, a bunda tinha vida própria. Era mais importante que as<br />donas.<br />Muitas mulheres de bonitas bundas chegam a ter ciúmes de si mesmas e têm uma<br />atitude envergonhada de suas formas calipígias. A mulher de bunda bonita caminha como<br />se fossem duas: ela e sua bunda. Uma fala e ninguém ouve; a outra cala e todos olham. A<br />mulher de bunda bonita não tem sossego; está sempre auto-consciente do tesouro que<br />reboca. A mulher de bunda bonita mesmo de frente está sempre de costas. A mulher de<br />bunda bonita vive angustiada: quem é amada ? Ela ou sua bunda ? Algumas bundas até<br />parecem ter pena de suas donas e quase dizem: "Olhem para ela também, ouçam suas<br />opiniões, sentimentos... Ela também é legal...”.<br />A bunda hoje no Brasil é um ativo. Centenas, milhares de moças bonitas usam-na<br />como um emprego informal, um instrumento de ascensão social. A globalização da<br />economia está nos deixando sem calças. Sobrou-nos a bunda... nosso único capital.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-20464707871410363242011-04-07T06:41:00.000-07:002011-04-07T06:42:40.414-07:00Meu avô foi um belo retrato do malandro cariocaESTE TEXTO É sobre ninguém. Meu avô não foi ninguém. No entanto, que<br />grande homem ele foi para mim. Meu pai era severo e triste, mal o via, chegava de aviões<br />de guerra e nem me olhava. Meu avô, não. Me pegava pela mão e me levava para o<br />Jockey, para ver os cavalinhos. Foi uma figura masculina carinhosa em minha vida. Se<br />não fosse ele, talvez eu estivesse hoje cantando boleros no Crazy Love, com o codinome<br />Neide Suely.<br />Meu avô, Arnaldo Hess, foi um belo retrato do Brasil dos anos 40/50. Era um<br />malandro carioca — em volta dele, gravitavam o botequim, a gravata com alfinete de<br />pérola, o sapato bicolor, o cabelo com Gumex, o chapéu-palheta, o relógio de corrente,<br />seu Patek Phillipe tão invejado, em volta dele ressoava a língua carioca mais pura e linda,<br />com velhas gírias [Essa matula do Flamengo é turuna (forte)..] Meu avô era orgulhoso de<br />viver nesta cidade baldia e amada, o Rio que soava nos discos de 78 rpm, nas ondas do<br />rádio, o Rio precário e poético, dos esfomeados malandros da Lapa, das mulheres sem<br />malho e de seus sofrimentos românticos, entre varizes e celulite. Antes de morrer, ele me<br />olhou, já meio lelé, e disse a frase mais linda: "É chato morrer, seu Arnaldinho, porque eu<br />nunca mais vou à avenida Rio Branco" . Ali, onde ele me levava para tomar refresco na<br />Casa Simpatia, era o centro de seu mundo. Os políticos canalhas populistas que estão hoje<br />aí querem a volta do passado apenas pelo lado "sujo" do atraso. Mas havia também uma<br />poética do atraso — na Lapa, no Mangue, havia um Rio que, com poucas migalhas,<br />fabricava uma urbanidade pobre, bela e democrática.<br />Ele também me dava aulas de sexo. Contou-me uma vez que a melhor mulher que<br />ele teve na vida tinha sido uma "João". Que era "João"? Esse termo, ainda escravista,<br />designava as pretinhas tão pretinhas que tinham o pixaim da cabeça ralo, quase carecas.<br />Eram as "João". Pois ele me disse: "Foi no terreno baldio, ali na General Belfort... foi o<br />melhor nick fostene que eu tive..." (Inventara esse nome de falso inglês de cinema<br />americano para designar a cópula, sendo a palavra acompanhada pelo gesto vaivém de<br />bomba de "Flit": Nick Fostene...) Contava isso a um menino de dez anos, a quem ele dava<br />cigarros e ensinava ( a mim e ao Cláudio Acylino, meu primo) apegar bonde no estribo,<br />andando. Me apresentou sua amante, uma mulher ruiva chamada Celeste, que me beijava<br />trêmula e carente como uma avó postiça e que, sendo de "boa família" ( ele me falava<br />disso com uma ponta de orgulho), "nunca se metera em sua vida familiar oficial". Isso ele<br />dizia com os olhos machistas molhados de gratidão. Ou seja, ele me ensinava tudo errado<br />e com isso me salvou.<br />Quase analfabeto, vivera grudado com a turma dos intelectuais da Colombo,<br />babando com os trocadilhos de Emilio de Menezes, Olavo Bilac, Agripino Grieco nos<br />anos 20, o que lhe deu um fascinado amor às letras que não lia, mas que o fez trazer-me<br />sempre um livro novo, da Rio Branco, junto com a goiabada cascão e o catupiry.<br />Uma vez, já mais tarde, eu namorava uma moça lindíssima e virgem (claro) mas<br />burrinha. Reclamei com ele. Resposta: "Ah, é burrinha ? Você quer inteligência ? Então<br />vai namorar o Santiago Dantas! " Quando fomos aos sinistros rendez-vous, de onde nos<br />floresceram as primeiras gonorréias, nossos pais severos bronquearam: "Vocês são uns<br />porcos! " Já nosso vovô riu, sacaneando: "Poxa... boas mulheres, hein... ? "<br />Vovô nos ensinava a conversar com as pessoas, olho no olho. Na minha família de<br />classe média, celebravam-se as meias-palavras, o fingimento de uma elegância falsa, de<br />uma finesse irreal. Só meu avô falava com os vagabundos da rua, com os botequineiros,<br />com os mata-mosquitos. Enquanto minha família toda votava histericamente na UDN, em<br />pleno delírio golpista, meu avô pegou o chapéu, e foi votar. Eu fui atrás dele... "Votar em<br />quem?" "No Getúlio, seu Arnaldinho... ele gosta do povo e eu sou povo." "E eu sou 'povo'<br />também, vovô?", perguntei. Ele riu: "Você não; você tem velocípede..."<br />Ele me levava ao Maracanã, ele me levava em seu ombro para ver a estrela de<br />néon da cervejaria Black Princess ( até hoje me brilha esta supernova na alma), ele, uma<br />vez, deixou-me ver um morto na calçada, navalhado no peito ( "Parecia a fita do Vasco da<br />Gama", ele disse) — não me escondeu a tragédia. Me ensinou tudo errado e me salvou...<br />Meu avô adorava a vida e usava sempre: o adjetivo "esplêndido", tão lindo e<br />estrelado. A laranja chupada na feira estava "esplêndida", a jabuticaba, a mangacarlotinha,<br />tudo era "esplêndido" para ele, pobrezinho, que nunca viu nada; sua única<br />viagem foi de trem a Curitiba, de onde trouxe mudas de pinheiros. "Esplêndidas..."<br />No fim da vida, já gagá, eu o levava ao Jockey para ele conversar com o Ernani de<br />Freitas, o amigo tratador de cavalos, que lhe dava um carinho condescendente com sua<br />gagazice, falando de cavalos que já haviam morrido. "Hoje corre a Tirolesa ou a<br />Garbosa ? ", perguntava. "A Tiroleza está machucada, Arnaldo..."<br />Velho gagá, deu para dizer coisas profundíssimas. Uma vez, já nos anos 70,<br />celebrei para ele as maravilhas lisérgicas do LSD que eu tomara. Ele me ouviu falar em<br />"delírio de cores", "lucy in the skies" e comentou: "Cuidado, Arnaldinho, pois nada é só<br />bom..." Outra vez, vendo passar um super-ripongão sujo, "bicho-grilo brabo", comentou:<br />"Olha lá. Um sujeito fingindo de mendigo para esconder que realmente é... !<br />Há dois anos, na exumação de um parente, o coveiro colocou várias caixas de<br />ossos em cima do túmulo. Numa delas, estava escrito a giz: "Arnaldo Hess". Não resisti e<br />levantei de leve a tampa de zinco. Estavam lá os ossos de vovô. Vi um fêmur, tíbias, que<br />eu toquei com a mão. Vocês não imaginam a infinita alegria de, por segundos, encostar<br />em meu avô querido. Eu estava com ele de novo em 1952, sob o céu azul do Rio.<br />Meu avô não era ninguém. Mas nunca houve ninguém como ele.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-56918073791674405102011-04-07T06:39:00.000-07:002011-04-07T06:40:27.524-07:00Nosso macho feliz é casado consigo mesmoQUERO SER FELIZ. Para isso, preciso de modelos. Há os livros de auto-ajuda, há<br />a felicidade oficial da mídia. Quero ser feliz e, nas revistas, vejo os meus ídolos galãs,<br />malhados, ricos, rindo entre modelos e apresentadoras. Quero ser feliz modernamente,<br />mas carrego comigo lentidões, medos, idéias antigas de alegria, traumas, conflitos. Sintome<br />aquém dos felizes de hoje. Não consigo me enquadrar nos rituais de prazer que vejo<br />nas revistas.<br />Posso ter uma crise de depressão em meio a uma orgia, não tenho o dom da<br />gargalhada infinita, posso chorar no auge de uma bacanal. Fui educado por jesuítas e pai<br />severo, para quem o riso era quase um pecado, a gargalhada, uma bofetada.<br />Para mim, felicidade era uma missão, a conquista de algo maior que me coroasse<br />de louros, a felicidade pressupunha "sacrifício", luta por cima de obstáculos. Olhando os<br />retratos antigos, vemos que a felicidade masculina era ligada à idéia de "dignidade",<br />vitória de um projeto de poder; vemos os barbudos do século XIX de nariz empinado,<br />perfis de medalha, donos de algum poder nem que fosse sobre a mulher e os filhos<br />aterrorizados.<br />Nos meus 20 anos, meu ídolo era o James Bond, bonito, corajoso, entendendo de<br />vinhos e de aviões supersônicos, comendo todo mundo de smoking. Mundano? Sim, mas<br />mesmo o Bond se esforçava, pois tinha a missão de salvar o Ocidente. Era um trabalhador<br />incansável que merecia as louraças que papava.<br />Hoje não. Nossos heróis masculinos não trabalham. A mídia nos ensina que os<br />heróis da felicidade não têm ideal algum a conquistar, a não ser eles mesmos. A felicidade<br />virou uma autoconstrução de sucesso... de bom desempenho. O solitário feliz suga o<br />prazer em cada flor, sem conflitos, sem dor sem afetos profundos mas sempre com um<br />sorriso simpático e congelado. O herói feliz passa a idéia de que não precisa de ninguém,<br />de que todos são objeto de seu desejo de que todos podem ser prisioneiros de seu charme;<br />mas ele, de ninguém. A felicidade moderna é o consumo do outro. Para o herói da mídia,<br />o mundo é um grande pudim a ser comido, sem nada a se dar em troca. Meu homem feliz<br />pode ter todas as mulheres, mas é casado consigo mesmo. Não pensem que estou<br />criticando isso; estou é com inveja desta leveza de ser, dessa ligeireza. Ligeireza é a<br />palavra — velocidade nas vivências e relações.<br />Assim como a mulher da mídia deseja ser um objeto de consumo, como um<br />eletrodoméstico, quer ser um avião, uma "máquina" peituda, bunduda, sexy ( mesmo se<br />fingindo) , também o homem da mídia deseja ser "coisa", só que mais ativa, como uma<br />metralhadora, uma Ferrari, um torpedo inteligente e, mais que tudo, um grande pênis<br />voador, um "passaralho" super-potente, mas irresponsável e frívolo, que pousa e voa de<br />novo, sem flacidez e sem angústias. O macho brasileiro tem pavor de ser possuído por<br />uma mulher. Não há a entrega; basta-lhe o "encaixe". O herói macho se encaixa em<br />heroína fêmea B e produzem uma engrenagem , repleta de luxos e arrepios, entre lanchas<br />e caipirinhas, entre jet-kis e BMWs, num esfuziante casamento que dura três capas de<br />Caras. E, ainda por cima, atribuem uma estranha "profundidade" a esta superficialidade<br />porque hoje, esse diletantismo tem o charme de uma sabedoria "pós-utópica".<br />Meu homem moderno tem orgasmos longos, ereções vítreas e telescópicas, sem<br />trêmulas "meias-bombas", meu homem feliz é bem informado e cínico, meu homem<br />conhece bem as tragédias modernas, mas se lixa para elas, não por maldade, mas por uma<br />crua "maturidade", um alegre desencanto. Meu homem vive em velocidade. O mundo da<br />internet, do celular, do mercado financeiro global imprimiu-lhe seu ritmo, dando-lhe o<br />glamour de um funcionamento sem corrosão, uma eterna juventude que afasta a morte.<br />Meu homem é antes de tudo um forte, mas um negador. Para ser feliz é necessário<br />negar, denegar, renegar problemas, esquecer as tristezas do mundo. Esta é a receita de<br />felicidade: não pensar em câncer, nem em angústia, nem na miséria do povo. Mas chega<br />um dia em que o herói se deprime, um dia em que a barriga cresce, o amargor torce-lhe os<br />lábios e o homem feliz percebe que também precisa de um ritual de encontro, algo<br />semelhante à boa e "velha" felicidade.<br />Meu homem feliz intui confusamente que a aventura da verdadeira solidão é<br />apavorante. Daí, ele evita que qualquer profundidade existencial possa pintar, que a idéia<br />de morte e finitude apareça à sua frente, senão sua "liberdade" ficaria insuportável. E, aí,<br />ele passa a viver um paradoxo: ligar-se sem ligar-se. Ele percebe que precisa do<br />casamento protetor como uma esperança de "sentido". Aí, ele se casa, entre risos dos<br />amigos, como se tivesse cedido a uma fraqueza. E viverá infeliz, numa eterna<br />insatisfação.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-18388070439369753902011-04-07T06:26:00.000-07:002011-04-07T06:27:03.577-07:00Blogs, twitter, Orkut e outros buracosNão estou no “twitter”, não sei o que é o “twitter”, jamais entrarei nesse terreno baldio e, incrivelmente, tenho 26 mil “seguidores” no “twitter”. Quem me pôs lá? Quem foi o canalha que usou meu nome? Jamais saberei. Vivemos no poço escuro da web. Ou buscamos a exposição total para ser “celebridade” ou usamos esse anonimato irresponsável com o nome dos outros. Tem gente que fala para mim: “Faz um blog, faz um blog!” Logo eu, que já sou um blog vivo, tagarelando na TV, rádio e jornais… Jamais farei um blog, esse nome que parece um coaxar de sapo boi. Quero o passado. Quero o lápis na orelha do quitandeiro, quero o gato do armazém dormindo sobre o saco de batatas, quero o telefone preto, de disco, que não dá linha, em vez dos gemidinhos dos celulares incessantes.<br /><br />Comunicar o quê? Ninguém tem nada a dizer. Olho as opiniões, as discussões “on line” e só vejo besteira, frases de 140 caracteres para nada dizer. Vivemos a grande invasão dos lugares-comuns, dos uivos de medíocres ecoando asnices para ocultar sua solidão deprimente.<br />O que espanta é a velocidade da luz para a lentidão dos pensamentos, uma movimentação “em rede” para raciocínios lineares. A boa e velha burrice continua intocada, agora disfarçada pelo charme da rapidez. Antigamente, os burros eram humildes; se esgueiravam pelos cantos, ouvindo, amargurados, os inteligentes deitando falação. Agora não; é a revolução dos idiotas “on line”.<br /><br />Quero sossego, mas querem me expandir, esticar meus braços em tentáculos digitais, meus olhos no “Google” (“goggles” – olhos arregalados) em órbitas giratórias, querem que eu seja ubíquo, quando desejo caminhar na condição de pobre bicho bípede; não quero tudo saber, ao contrário, quero esquecer; sinto que estão criando desejos que não tenho, fomes que perdi. Estamos virando aparelhos; os homens andam como robôs, falam como microfones, ouvem como celulares, não sabemos se estamos com tesão ou se criam o tesão em nós. O Brasil está tonto, perdido entre tecnologias novas cercadas de miséria e estupidez por todos os lados. A tecnociência nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas vivas, chips, pílulas para tudo, enquanto a barbárie mais vagabunda corre solta no país, balas perdidas, jaquetas e tênis roubados, com a falsa esquerda sendo pautada pela mais sinistra direita que já tivemos, com o Jucá e o Calheiros botando o Chávez no Mercosul para “talibanizar” de vez a América Latina. Temos de ‘funcionar’ – não de viver. Somos carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa. Assistimos a chacinas diárias do tráfico entre chips e “websites”.<br /><br />O leitor perguntará: “Por que esse ódio todo, bom Jabor?” Claro que acho a revolução digital a coisa mais importante dos séculos. Mas estou com raiva por causa dos textos apócrifos que continuam enfiando na internet com meu nome.<br /><br />Já reclamei aqui desses textos, mas tenho de me repetir. Todo dia surge uma nova besteira, com dezenas de emails me elogiando pelo que eu “não” fiz. Vou indo pela rua e três senhoras me abordam: “Teu artigo na internet é genial! Principalmente quando você escreve: ‘As mulheres são tão cheirosinhas; elas fazem biquinho e deitam no teu ombro…’ “Não fui eu…”, respondo. Elas não ouvem e continuam: “Modéstia sua! Finalmente alguém diz a verdade sobre as mulheres! Mandei isso para mil amigas! Adoraram aquela parte: ‘Tenho horror à mulher perfeitinha. Acho ótimo celulite…’” Repito que não é meu, mas elas (em geral barangas) replicam: “Ah… É teu melhor texto…” – e vão embora, rebolando, felizes.<br /><br />Sei que a internet democratiza, dando acesso a todos para se expressar. Mas a democracia também libera a idiotia. Deviam inventar um “antispam” para bobagens.<br /><br />Vejam mais o que “eu” escrevi: “As mulheres de hoje lutam para ser magrinhas. Elas têm horror de qualquer carninha saindo da calça de cintura tão baixa que o cós acaba!…” Luto dia e noite contra cacófatos e jamais escreveria “cós acaba!” Mas, para todos os efeitos, fui eu. Na internet, eu sou amado como uma besta quadrada, um forte asno… (dirão meus inimigos: “Finalmente, ele se encontrou…”)<br /><br />Vejam as banalidades que me atribuem:<br /><br />“Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!”<br /><br />Ou: “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore, dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!”<br /><br />Ainda sobre a mulher: “São escravas aparentemente alforriadas numa grande senzala sem grades”.<br /><br />Há um texto bem gay sobre os gaúchos, há mais de um ano. Fui “eu”, a mula virtual, quem escreveu tudo isso. E não adianta desmentir.<br /><br />Esta semana, descobri mais. Há um texto rolando (e sendo elogiado) sobre “ninguém ama uma pessoa pelas qualidades que ela tem” ou outro em que louvo a estupidez, chamado “Seja Idiota!”…<br /><br />Mas o pior são artigos escritos por inimigos covardes para me sujar.<br /><br />Há um texto de extrema direita, boçal, xingando os brasileiros, onde há coisas como: “Brasileiro é babaca. Elege para o cargo mais importante do Estado um sujeito que não tem escolaridade e preparo nem para ser gari. Brasileiro é um povo trabalhador. Mentira. Brasileiro é vagabundo por excelência. Um povo que se conforma em receber uma esmola do governo de R$ 90 mensais para não fazer nada não pode ser adjetivado de outra coisa que não de vagabundo. Noventa por cento de quem vive na favela é gente honesta e trabalhadora. Mentira. Muito pai de família sonha que o filho seja aceito como ‘aviãozinho’ do tráfico para ganhar uma grana legal. Se a maioria da favela fosse honesta, já teriam existido condições de se tocar os bandidos de lá para fora… O brasileiro merece! É igual a mulher de malandro – gosta de apanhar…”<br /><br />E o pior é que muita gente me cumprimenta pela “coragem” de ter escrito essa sordidez.<br />Ou seja: admiram-me pelo que eu teria de pior; sou amado pelo que não escrevi.<br /><br />Na internet, eu sou machista, gay, idiota, corno e fascista.<br /><br />É bonito isso?Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-86372135738614750922009-07-21T20:33:00.001-07:002009-07-21T20:34:08.159-07:00Regime, Pra Que Serve???,Barriga é barriga, peito é peito e tudo mais. Confesso que tive agradável surpresa ao ver Chico Anísio no programa do Jô, dizendo que o exercício físico é o primeiro passo para a morte.<br />Depois de chamar a atenção para o fato de que raramente se conhece um atleta que tenha chegado aos 80 anos e citar personalidades longevas que nunca fizeram ginástica ou exercício - entre elas o jurista e jornalista Barbosa Lima Sobrinho - mas chegou à idade centenária, o humorista arrematou com um exemplo da fauna: A tartaruga com toda aquela lerdeza, vive 300 anos. Você conhece algum coelho que tenha vivido 15 anos? Gostaria de contribuir com outro exemplo, o de Dorival Caymmi. O letrista compositor e intérprete baiano era conhecido como pai da preguiça. Passava 4/5 do dia deitado numa rede,bebendo, fumando e mastigando. Autêntico marcha-lenta, levava 10 segundos para percorrer um espaço de três metros. Pois mesmo assim e sem jamais ter feito exercício físico viveu 90 anos.<br /><br />Conclusão: Esteira, caminhada, aeróbica, musculação, academia? Sai dessa enquanto você ainda tem saúde... E viva o sedentarismo ocioso!!! Não fique chateado se você passar a vida inteira gordo. Você terá toda a eternidade para ser só osso!!! e<br /><br />Então: NÃO FAÇA MAIS DIETA !!<br />Afinal, a baleia bebe só água, só come peixe, faz natação o dia inteiro, e é GORDA !!!<br />O elefante só come verduras e é GORDOOOOOOOOO!!!<br /><br />VIVA A BATATA FRITA E O CHOPP!!!<br />Você, menina bonita, tem pneus? Lógico, todo avião tem!<br /><br />E nunca se esqueçam: "Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal".Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-66071061741791608862009-05-19T04:30:00.000-07:002009-05-19T04:31:28.924-07:00PaciênciaAh! Se vendessem paciência nas farmácias e supermercados... Muita gente iria gastar boa parte do salário nessa mercadoria tão rara hoje em dia.<br />Por muito pouco a madame que parece uma "lady" solta palavrões e berros que lembram as antigas "trabalhadoras do cais"... E o bem comportado executivo?<br />O "cavalheiro" se transforma numa "besta selvagem" no trânsito que ele mesmo ajuda a tumultuar...<br />Os filhos atrapalham, os idosos incomodam, a voz da vizinha é um tormento, o jeito do chefe é demais para sua cabeça, a esposa virou uma chata, o marido uma "mala sem alça". Aquela velha amiga uma "alça sem mala", o emprego uma tortura, a escola uma chatice.<br />O cinema se arrasta, o teatro nem pensar, até o passeio virou novela.<br />Outro dia, vi um jovem reclamando que o banco dele pela internet estava demorando a dar o saldo, eu me lembrei da fila dos bancos e balancei a cabeça, inconformado...<br />Vi uma moça abrindo um e-mail com um texto maravilhoso e ela deletou sem sequer ler o título, dizendo que era longo demais.<br />Pobres de nós, meninos e meninas sem paciência, sem tempo para a vida, sem tempo para Deus.<br />A paciência está em falta no mercado, e pelo jeito, a paciência sintética dos calmantes está cada vez mais em alta.<br />Pergunte para alguém, que você saiba que é "ansioso demais" onde ele quer chegar?<br />Qual é a finalidade de sua vida?<br />Surpreenda-se com a falta de metas, com o vago de sua resposta.<br />E você? Onde você quer chegar?<br />Está correndo tanto para quê?<br />Por quem?<br />Seu coração vai agüentar?<br />Se você morrer hoje de infarto agudo do miocárdio o mundo vai parar?<br />A empresa que você trabalha vai acabar?<br />As pessoas que você ama vão parar?<br />Será que você conseguiu ler até aqui?<br />Respire... Acalme-se...<br />O mundo está apenas na sua primeira volta e, com certeza, no final do dia<br />vai completar o seu giro ao redor do sol, com ou sem a sua paciência...Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-3050316110050045292009-05-14T21:38:00.001-07:002009-05-14T21:38:58.703-07:00Amor vem antes e sexo vem depois, ou nãoQuando contei, na semana passada, que a Rita Lee tinha feito uma música com letra de um artigo que escrevi sobre "amor e sexo", choveram e-mails pedindo o texto. Fiquei feliz com a música (que é linda) e porque me senti coadjuvante dessa luz que ela acendeu na cultura brasileira. Rita é um caso sério. Ela brilha, purpurina, avermelha, cintila, se traveste, cresce e diminui, incha e emagrece mas, no fundo, ela é um caso sério. Ela faz essa visagem toda para nos fazer engolir uma dourada pílula: sua importância cultural e política no País. Rita tirou São Paulo da caretice, foi a guerreira da alegria durante a ditadura pois, em 68, ela estava de noiva, florida, com caras e bocas, mutante, provando que, marchassem ou não os soldados, sua metamorfose continuaria e que sua alegria, alegria, era mesmo a prova dos noves.<br /><br />Rita não é só para ser ouvida; seus shows são um comício. A liberdade fica ali na cena, de back vocal, enquanto a Pátria, de botas e cabelo punk, dança rock, seguindo-a pelo palco como um Pluft. Eu não entendo de música, mas vejo a Rita aprontando há 30 anos, menina teimosa, sozinha, atacando o óbvio. Mas, seu protesto nunca foi chato, sua superficialidade é profunda.<br /><br />Como Rita é original... ninguém é como ela no Brasil... Me lembro quando ela criou uma marca no braço, sei lá, "ritalee", como um Chevrolet, Shell, pois ela sabe que não somos um "sujeito único", muito antes dessas pós-modernidades aí. Ela é uma pré-Björk. Ela nunca cantou de um só ponto de vista, porque Rita são várias; no palco, ela parece um conjunto.<br /><br />Rita é a "mina" das "minas" de Sampa, frágil e corajosa, do balacobaco. Por isso, orgulhoso, atendendo aos e-mails que pedem explicação sobre esses estranhos tremores, gemidos e espumas que chamamos de amor-sexo, "copidesquei" o antigo texto e o republico, com petulante jeito de quem sabe das respostas - ai de mim, pobre pierrô fingindo de arlequim!...<br /><br />Aí vai o flash-back:<br /><br />"Amor é propriedade. Sexo é posse. Amor é a lei; sexo é invasão.<br /><br />O amor é uma construção do desejo. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre com tesão.<br /><br />Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio ou veneno - depende da quantidade ingerida.<br /><br />O sexo vem antes. O amor vem depois. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.<br /><br />No sexo, o pensamento atrapalha.<br /><br />O amor sonha com uma grande redenção. O sexo sonha com proibições; não há fantasias permitidas. O amor é o desejo de atingir a plenitude. Sexo é a vontade de se satisfazer com a finitude.<br /><br />O amor vive da impossibilidade - nunca é totalmente satisfatório. O seexo pode ser, dependendo da posição adotada. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrário não acontece. Existe amor com sexo, claro, mas nunca gozam juntos.<br /><br />O amor é mais narcisista, mesmo na entrega, na 'doação'. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo do egoísmo.<br /><br />Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do 'outro'. O sexo, mesmo solitário, precisa de uma 'mãozinha'. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até na maior solidão e na saudade. Sexo, não - é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora. O amor vem de nós. O sexo vem dos outros. 'O sexo é uma selva de epilépticos' (N. Rodrigues). O amor inventou a alma, a moral. O sexo inventou a moral também, mas do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge.<br /><br />O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um cowboy - quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: 'Faça amor, não faça a guerra.' Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas. O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica.<br /><br />O sexo sempre existiu - das cavernas do paraíso até as 'saunas relax for men'. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provençais do século 12 e, depois, relançado pelo cinema americano da moral cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem - o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção; sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira controlá-lo é programá-lo, como faz a indústria da sacanagem. O mercado programa nossas fantasias.<br /><br />Não há 'saunas relax' para o amor, onde o sujeito entre e se apaixone. No entanto, em todo bordel, finge-se um 'amorzinho' para iniciar. O amor virou um estímulo para o sexo.<br /><br />O problema do amor é que dura muito, já o sexo dura pouco. Amor busca uma certa 'grandeza'. O sexo é mais embaixo. O perigo do sexo é que você pode se apaixonar. O perigo do amor é virar amizade. Com camisinha, há 'sexo seguro', mas não há camisinha para o amor.<br /><br />O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é a lei. Sexo é a transgressão. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo é o sonho dos casados. Amor precisa do medo, do desassossego. Sexo precisa da novidade, da surpresa. O grande amor só se sente na perda. O grande sexo sente-se na tomada de poder.<br /><br />Amor é de direita. Sexo, de esquerda - ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta."<br /><br />E, por aí, vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos fazer esquecer a morte. Ou não; sei lá... E-mails de quem souber para a redação.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-22340723818933936132009-05-14T21:37:00.001-07:002009-05-14T21:37:55.509-07:00Antigamente, quando eu era pequeninoAntigamente, quando eu era pequenininho... - com essa frase mágica eu corto qualquer choro de meu filhinho, qualquer bagunça em curso e ele sobe em meu colo de olhos abertos, lágrima secando, para ouvir as estórias de meu passado. Por marketing paterno, eu descrevo o passado como um lugar meio escuro, ruim, sem nada, para ele valorizar os muitos brinquedos que tem, os homens-aranha, o Bat-Movel, o peixinho Nemo no aquário e as "gelecas" trêmulas no chão. É uma artimanha meio sacana, mas funciona; não só lhe dá um início de consciência de seu privilégio social, como valoriza o "bom papai" aqui.<br /><br />E ele adora investigar meu passado:<br /><br />Papai, antigamente não tinha vídeo? Não. Não tinha televisão? Não; tinha só rádio. Tinha He-Man? Não; tinha Super-Homem, mas só tinha no gibi. O que que é gibi? - ele pergunta. Revista de quadrinhos - respondo -, mas tinha Príncipe Submarino que hoje não tem mais, um super-herói que lutava debaixo d'água contra os polvos malvados e a lulas malditas e venenosas. E ele não morria afogado? Não, meu filho, porque ele era meio "peixe" também. E pescavam ele? É... tinha uns homens malvados que queriam pescar ele, mas ele era craque. Tinha você, antigamente? Eu? É. Você, com seu papai e sua mamãe?<br /><br />Tinha... tinha eu... mas eu era pequenininho também... olha aqui no retrato.<br /><br />Por que você está chorando no colo desse homem? Não sei; eu acho que era vocação ha! ha! Que que é vocação? É um negócio aí... Você tinha amigos, papai? Tinha. Tinha o Bertoldo, o Bertoldinho e o Cacasseno (personagens de um livro de estórias) e... o meu amigo Albertinho Fortuna... (não sei por que transformei esse cantor popular dos anos 50 num "amigo de infância"...<br /><br />Sempre achei graça nesse nome: Albertinho Fortuna...).<br /><br />E vocês caçavam o gambá gigante? Sim; a gente ia na floresta e ia cada um com um pau na mão e íamos até a caverna do gambá gigante, que ficava lá no alto do Corcovado. Lá onde tem o "Quisto Redentor"? Isso, filhinho, a gente ia subindo a pé porque antigamente não tinha o trenzinho e, quando chegava perto da casa do gambá gigante, a gente sentia o cheiro, argghhhh, era um cheiro horroroso e aí não adiantava nem bater nele, a gente gritava de fora, tapando o nariz: "Gambá gigante, sai daí!.. Sai, gambá!" Aí, quando o gambá saía, zangado, porque estava dormindo e ia atacar a gente, o Albertinho Fortuna pegava um vidro de perfume Coty e tacava nele e aí o gambá gigante ficava cheirozinho e ficava amigo da gente... E pronto... E aí, todo mundo ia dormir, feito você, agora...<br /><br />E, enquanto meu filhinho começa a dormir, pensando no gambá cheiroso, eu vou pensando em sua pergunta profunda: "Pai, o que que tinha antigamente?" Bem - respondo para mim mesmo - antigamente, tinha eu, outro "eu", diferente deste casca-grossa de hoje... É... tinha eu... tinha nossa casinha de subúrbio, pequena, com quintal, galinha e mangueira e, fora de casa, tinha minha curta paisagem de menino: rua, poste, fogueira no capinzal, a luz do carbureto do pipoqueiro, a luz nas poças com a Lua tremendo na água, balões coloridos no céu, trêmulos de lanterninhas, balões-tangerina, balões-charuto. De dia, tinha o Sol que era meu, a chuva que era minha, tinha as nuvens que eram minhas, as nuvens-girafa, as nuvens-camelo, que eu contemplava deitado no chão de terra onde as formigas eram minhas também, os caramujos nas folhas eram meus, sua gosminha madrepérola era minha, tudo fazia parte de meu universo de subúrbio.<br /><br />Uma vez, teve um grande eclipse, e eu fiquei olhando minha família olhando o Sol negro através de cacos de vidro escuros e, eu me lembro, tive a sensação dolorida de que a casa, papai de uniforme de capitão, minha irmãzinha chorando, a triste empregada com pano branco na cabeça, as árvores, as galinhas, tudo ia passar, e que nós íamos nos apagar também, como o Sol, tudo indo para longe, como os urubus, mais longe, quase no infinito, na bruma.<br /><br />Nas ruas, tinha uma luz mortiça nas janelas das casas, o som do rádio com as novelas deprimentes e o seriado do Capitão Atlas, tinha os namorados no portão, tinha os amores impossíveis, os suicídios com guaraná, as luas-de-mel fracassadas, tinha as lâmpadas de carbureto dos carrinhos de pipoca, os velhos discos de 78 rpm, os cantores com som precário, as primeiras TVs em preto-e-branco, as saudades do matão, o luar do sertão, tinha um Brasil mais micha, mais pobre, cambaio, troncho, mas bem mais brasileiro que hoje, em seu caminho da roça que o Golpe de 64 interrompeu, e que, agora, essa mania prostituída de "Primeiro Mundo global" matou a tapa.<br /><br />Hoje, esta pobreza é disfarçada pela falsa vertiginosidade de um progresso que nos submete como uma lei das forças produtivas.<br /><br />É... - eu penso - antigamente, filho, tinha também uma coisa chamada "povo"; não o povo arrebentado, dividido, tonto de hoje. Era uma pobreza mais pobre, mas menos, como direi, menos clamorosa, menos trágica. Tinha uma nacionalidade ilusória, sim, com o povo apinhado nos bondes, iludido, mais burro que hoje, sem defesas, mas era um falso país em que acreditávamos.<br /><br />Isso era legal, apesar da ingenuidade de acharmos que bastava o grito das massas e a vontade de justiça para que um novo país se realizasse. Em 63, não sabíamos ainda que a democracia custava tanto, que teríamos de passar pelo inferno de 20 anos de ditadura, e tinha, sim, um "vazio" no Brasil, mas era um vazio que nos dava idéia de que algo ia ser construído ali naquele espaço, que ia surgir uma sociedade original, mesmo num futuro nevoento, cheio de urubus.<br /><br />E, aí, eu me pergunto, vendo meu filhinho dormir: Como fazer, meu filho, para restaurar aquela idéia de Brasil, sem fugir das regras duras deste tempo de vertigem global? Eu não sei. Nem ele - sonhando com o gambá gigante, sob a voz melodiosa de Albertinho Fortuna, cantando por cima do tempo.Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-3705523184706051422009-04-29T05:25:00.000-07:002009-04-29T05:27:21.818-07:00Pessoas InteligentesConta-se que numa cidade do interior um grupo de pessoas se divertia como idiota da aldeia.Um pobre coitado, de pouca inteligência, vivia de pequenos biscates eesmolas.Diariamente eles chamavam o idiota ao bar onde se reuniam e ofereciam aele a escolha entre duas moedas: uma grande de 400 REIS e outra menor,de 2.000 REIS.Ele sempre escolhia a maior e menos valiosa, o que era motivo de risospara todos.Certo dia, um dos membros do grupo chamou-o e lhe perguntou se ainda nãohavia percebido que a moeda maior valia menos.'Eu sei' - respondeu o tolo assim: 'Ela vale cinco vezes menos, mas nodia que eu escolher a outra, a brincadeira acaba e não vou mais ganharminha moeda.'Pode-se tirar várias conclusões dessa pequena narrativa.A primeira: Quem parece idiota, nem sempre é.A segunda: Quais eram os verdadeiros idiotas da história?A terceira: Se você for ganancioso, acaba estragando sua fonte de renda.Mas a conclusão mais interessante é:A percepção de que podemos estar bem, mesmo quando os outros não têm umaboa opinião a nosso respeito. Portanto, o que importa não é o que pensamde nós, mas sim, quem realmente somos.O maior prazer de uma pessoa inteligente é bancar o idiota, diante de umidiota que banca o inteligente.<br />Arnaldo JaborSpósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-8704076690184006092009-04-25T23:49:00.001-07:002009-04-25T23:49:22.471-07:00NOSSOS DIAS MELHORES NUNCA VIRÃO?<span style="font-family:Times New Roman;"><b><span style="font-size:180%;">A</span></b>ndo em crise, numa boa, nada de grave. Mas, ando em crise com o tempo. Que estranho "presente" é este que vivemos hoje, correndo sempre por nada, como se o tempo tivesse ficado mais rápido do que a vida, como se nossos músculos, ossos e sangue estivessem correndo atrás de um tempo mais rápido.</span> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">As utopias liberais do século 20 diziam que teríamos mais ócio, mais paz com a tecnologia. Acontece que a tecnologia não está aí para distribuir sossego, mas para incrementar competição e produtividade, não só das empresas, mas a produtividade dos humanos, dos corpos. Tudo sugere velocidade, urgência, nossa vida está sempre aquém de alguma tarefa. A tecnologia nos enfiou uma lógica produtiva de fábricas, fábricas vivas, chips, pílulas para tudo.</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">Temos de funcionar, não de viver. Por que tudo tão rápido? Para chegar aonde? A este mundo ridículo que nos oferecem, para morrermos na busca da ilusão narcisista de que vivemos para gozar sem parar? Mas gozar como? Nossa vida é uma ejaculação precoce. Estamos todos gozando sem fruição, um gozo sem prazer, quantitativo. Antes, tínhamos passado e futuro; agora, tudo é um "enorme presente", na expressão de Norman Mailer. E este "enorme presente" é reproduzido com perfeição técnica cada vez maior, nos fazendo boiar num tempo parado, mas incessante, num futuro que "não pára de não chegar".</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">Antes, tínhamos os velhos filmes em preto-e-branco, fora de foco, as fotos amareladas, que nos davam a sensação de que o passado era precário e o futuro seria luminoso. Nada. Nunca estaremos no futuro. E, sem o sentido da passagem dos dias, da sucessibilidade de momentos, de começo e fim, ficamos também sem presente, vamos perdendo a noção de nosso desejo, que fica sem sossego, sem noite e sem dia. Estamos cada vez mais em trânsito, como carros, somos celulares, somos circuitos sem pausa, e cada vez mais nossa identidade vai sendo programada. O tempo é uma invenção da produção. Não há tempo para os bichos. Se quisermos manhã, dia e noite, temos de ir morar no mato.</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">Há alguns anos, eu vi um documentário chamado Tigrero, do cineasta finlandês Mika Kaurismaki e do Jim Jarmusch sobre um filme que o Samuel Fuller ia fazer no Brasil, em 1951. Ele veio, na época, e filmou uma aldeia de índios no interior do Mato Grosso. A produção não rolou e, em 92, Samuel Fuller, já com 83 anos, voltou à aldeia e exibiu para os índios o material colorido de 50 anos atrás. E também registrou, hoje, os índios vendo seu passado na tela. Eles nunca tinham visto um filme e o resultado é das coisas mais lindas e assustadoras que já vi.</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">Eu vi os índios descobrindo o tempo. Eles se viam crianças, viam seus mortos, ainda vivos e dançando. Seus rostos viam um milagre. A partir desse momento, eles passaram a ter passado e futuro. Foram incluídos num decorrer, num "devir" que não havia. Hoje, esses índios estão em trânsito entre algo que foram e algo que nunca serão. O tempo foi uma doença que passamos para eles, como a gripe. E pior: as imagens de 50 anos é que pareciam mostrar o "presente" verdadeiro deles. Eram mais naturais, mais selvagens, mais puros naquela época. Agora, de calção e sandália, pareciam estar numa espécie de "passado" daquele presente. Algo decaiu, piorou, algo involuiu neles.</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">Lembrando disso, outro dia, fui atrás de velhos filmes de 8mm que meu pai rodou há 50 anos também. Queria ver o meu passado, ver se havia ali alguma chave que explicasse meu presente hoje, que prenunciasse minha identidade ou denunciasse algo que perdi, ou que o Brasil perdeu... Em meio às imagens trêmulas, riscadas, fora de foco, vi a precariedade de minha pobre família de classe média, tentando exibir uma felicidade familiar que até existia, mas precária, constrangida; e eu ali, menino comprido feito um bambu no vento, já denotando a insegurança que até hoje me alarma. Minha crise de identidade já estava traçada. E não eram imagens de um passado bom que decaiu, como entre os índios. Era um presente atrasado, aquém de si mesmo. A mesma impressão tive ao ver o filme famoso de Orson Welles, It's All True, em que ele mostra o carnaval carioca de 1942 - únicas imagens em cores do País nessa década. Pois bem, dava para ver, nos corpinhos dançantes do carnaval sem som, uma medíocre animação carioca, com pobres baianinhas em tímidos meneios, galãs fraquinhos imitando Clark Gable, uma falta de saúde no ar, uma fragilidade indefesa e ignorante daquele povinho iludido pelos burocratas da capital. Dava para ver ali que, como no filme de minha família, estavam aquém do presente deles, que já faltava muito naquele passado.</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">Vendo filmes americanos dos anos 40, não sentimos falta de nada. Com suas geladeiras brancas e telefones pretos, tudo já funcionava como hoje. O "hoje" deles é apenas uma decorrência contínua daqueles anos. Mudaram as formas, o corte das roupas, mas eles, no passado, estavam à altura de sua época. A Depressão econômica tinha passado, como um grande trauma, e não aparecia como o nosso subdesenvolvimento endêmico. Para os americanos, o passado estava de acordo com sua época. Em 42, éramos carentes de alguma coisa que não percebíamos. Olhando nosso passado é que vemos como somos atrasados no presente. Nos filmes brasileiros antigos, parece que todos morreram sem conhecer seus melhores dias.</span></p> <p align="justify"><span style="font-family:Times New Roman;">E nós, hoje, nesta infernal transição entre o atraso e uma modernização que não chega nunca? Quando o Brasil vai crescer? Quando cairão afinal os "juros" da vida? Chego a ter inveja das multidões pobres do Islã: aboliram o tempo e vivem na eternidade de seu atraso. Aqui, sem futuro, vivemos nessa ansiedade individualista medíocre, nesse narcisismo brega que nos assola na moda, no amor, no sexo, nessa fome de aparecer para existir. Nosso atraso cria a utopia de que, um dia, chegaremos a algo definitivo. Mas, ser subdesenvolvido não é "não ter futuro"; é nunca estar no presente</span></p>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-51891464443122327152009-04-25T22:18:00.000-07:002009-04-25T22:19:18.868-07:00Homem PerfeitoNão existe homem fiel. Você já pode ter ouvido isso algumas vezes, mas afirmo com propriedade. Não é desabafo. É palavra de homem que conhece muitos homens e que conhecem, por sua vez, muitos homens. Nenhum homem é fiel, mas pode estar fiel (ou porque está apaixonado (algo que não dura muito tempo - no máximo alguns meses - nem se iluda) ou porque está cercado por todos os lados (veremos adiante que não adianta cercá-lo (isso vai se voltar contra você)..A única exceção é o crente extremamente convicto.Se você quer um homem que seja fiel, procure um crente daqueles bitolados, mas agüente as outras conseqüências.<br /><br />Não desanime. O homem é capaz de te trair e de te amar ao mesmo tempo. A traição do homem é hormonal, efêmera, para satisfazer a lascívia. Não é como a da mulher. Mulher tem que admirar para trair; ter algum envolvimento. O homem só precisa de uma banda. A mulher precisa de um motivo para trair, o homem precisa de uma mulher.<br /><br />Não fique desencantada com a vida por isso. A traição tem seu lado positivo. Até digo, é um mal necessário. O cara que fica cercado, sem trair, é infeliz no casamento, seu desempenho sexual diminui (isso mesmo, o desempenho com a esposa diminui), ele fica mal da cabeça. Entenda de uma vez por todas: homens e mulheres são diferentes. Se quiser alguém que pense como você, vire lésbica (várias já fizeram isso e deu certo), ou case com um gay enrustido que precisa de uma mulher para se enquadrar no modelo social. Todo ser humano busca a felicidade, a realização. E a realização nada mais é do que a sensação de prazer (isso é química, está tudo no cérebro).<br /><br />A mulher se realiza satisfazendo o desejo maternal, com a segurança de ter uma família estruturada e saudável, com um bom homem ao lado que a proteja e lhe dê carinho. O homem é mais voltado para a profissão e para a realização pessoal e a realização pessoal dele vêm de diversas formas: pode vir com o sentimento de paternidade, com uma família estruturada etc. Mas nunca vai vir se não puder ter acesso a outras fêmeas e se não puder ter relativo sucesso na profissão.<br /><br />Se você cercar seu homem (tipo, mulher que é sócia do marido na empresa), o cara não dá um passo no dia-a-dia (sem ela) você vai sufocá-lo de tal forma que ele pode até não ter espaço para lhe trair, mas ou seu casamento vai durar pouco, ele vai ser gordo (vai buscar a fuga na comida) e vai ser pobre (por que não vai ter a cabeça tranqüila para se desenvolver profissionalmente (vai ser um cara sem ambição e sem futuro).<br /><br />Não tente mudar para seu homem ser fiel. Não adianta. Silicone, curso de dança sensual, se vestir de enfermeira etc... Nada disso vai adiantar. É lógico que quanto mais largada você for, menor a vontade do homem de ficar com você e maior as chances do divórcio. Se perfeição adiantasse, Julia Roberts não tinha casado três vezes. Até Gisele Bündchen foi largada por Di Caprio. Não é você que vai ser diferente (mas é bom não desanimar e sempre dar aquela malhadinha).<br /><br />O segredo é dar espaço para o homem viajar nos seus desejos (na maioria das vezes, quando ele não está sufocado pela mulher, ele nem chega a trair, fica só nas paqueras, (troca de olhares). Finja que não sabe que ele dá umas pegadas por fora. Isso é o segredo para um bom casamento. Deixe ele se distrair, todos precisam de lazer.<br /><br />Se você busca o homem perfeito, pode continuar vendo novela das seis. Eles não existem nesse conceito que você imagina. Os homens perfeitos de hoje são aqueles bem desenvolvidos profissionalmente, que traem esporadicamente (uma vez a cada dois meses, por exemplo), mas que respeitam a mulher, ou seja, não gastam o dinheiro da família com amantes, não constituem outra família, não traem muitas vezes, não mantêm relações várias vezes com a mesma mulher (para não criar vínculos) e, sobretudo, são muuuuuito discretos: não deixam a esposa e nem ninguém da sua relação, como amigas, familiares saberem.<br /><br />Só, e somente só, um amigo ou outro dele deve saber, faz parte do prazer do homem contar vantagem sexual. Pegar e não falar para os amigos é pior do que não pegar. As traições do homem perfeito geralmente são numa escapolida numa boite, ou com uma garota de programa (usando camisinha e sem fazer sexo oral nela), ou mesmo com uma mulher casada de passagem por sua cidade. O homem perfeito nunca trai com mulheres solteiras. Elas são causadoras de problemas. Isso remete ao próximo tópico.<br /><br />Esse tópico não é para as esposas, é só para as solteiras e amantes.<br /><br />Esqueçam de uma vez por todas esse negócio de que homem não gosta de mulher fácil. Homem adora mulher fácil. Se 'der' de prima então, é o máximo.Todo homem sabe que não existe mulher santa. Se ela está se fazendo de difícil ele parte para outra. A oferta é muito maior do que a procura. O mercado está cheio de mulher gostosa. O que homem não gosta é de mulher que liga no dia seguinte. Isso não é ser fácil, é ser problemática (mulher problema). Ou, como se diz na gíria, é pepino puro. O fato de você não ligar para o homem e ele gostar de você não quer dizer que foi por você se fazer de difícil, mas sim por você não representar ameaça para ele.Ele vai ficar com tanta simpatia por você que você pode até conseguir fisgá-lo e roubá-lo da mulher. Ele vai começar a se envolver sem perceber. Vai começar a te procurar. Se ele não te procurar, era porque ele só queria aquilo mesmo. Parta para outro e deixe esse de stand by. Não vá se vingar, você só piora a situação e não lucra nada com isso. Não se sinta usada, você também fez uso do corpo dele – faz parte do jogo; guarde como um momento bom de sua vida.<br /><br />90% dos homens não querem nada sério.Os 10% restantes estão momentaneamente cansados da vida de balada ou estão ficando com má fama por não estarem casados ou enamorados; por isso procuram casamento. Portanto, são máximas as chances do homem mentir em quase tudo que te fala no primeiro encontro (ele só quer te comer, sempre). Não seja idiota, aproveite o momento, finja que acredita que ele está apaixonado, dê logo para ele (e corra o risco de fisgá-lo) ou então nem saia com ele. Fazer doce só agrava a situação. Estamos em 2007 e não em 1957. Esqueça os conselhos da sua avó, os tempos são outros.<br /><br />Para ser uma boa esposa e para ter um casamento pelo resto da vida faça o seguinte:Tente achar o homem perfeito, dê espaço para ele.Não o sufoque. Ele precisa de um tempo para sua satisfação. Seja uma boa esposa, mantenha-se bonita, malhe, tenha uma profissão (não seja dona-de-casa), seja independente e mantenha o clima legal em casa. Nada de sufocos, de 'conversar sobre a relação', de ficar mexendo no celular dele, de ficar apertando o cerco etc. Você pode até criar 'muros' para ele, mas crie muros invisíveis e não muito altos. Se ele perceber ou ficar sem saída, vai se sentir ameaçado e o casamento vai começar a ruir.<br /><br />Se você está revoltada por este texto, aqui vai um conselho: vá tomar uma água e volte para ler com o espírito desarmado. Se revoltar com o que está escrito não vai resolver nada em sua vida. Acreditar que o que está aqui é mentira ou exagero pode ser uma boa técnica (iludir-se faz parte da vida, se você é dessas, boa sorte!). Mas tudo é a pura verdade. Seu marido/noivo/namorado te ama, tenha certeza, senão não estaria com você, mas trair é como um remédio; um lubrificante para o motor do carro. Isso é científico. O homem que você deve buscar para ser feliz é o homem perfeito. Diferente disso, ou é crente, ou gay ou tem algum trauma (e na maioria dos casos vão ser pobres). O que você procura pode ser impossível de achar, então, procure algo que você pode achar e seja feliz ao invés de passar a vida inteira procurando algo indefectível que você nunca vai encontrar. Espero ter ajudado em alguma coisa. <span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-47297212648567762832009-04-25T22:17:00.001-07:002009-04-25T22:17:58.285-07:00Sempre odiei o que a maioria das pessoas fazem com os seus MSN's.Não estou falando desta vez dos emoticons insuportáveis que transformaram a leitura em um jogo de decodificação, mas as declarações de amor, saudades, empolgação traduzidas através do nick.<br /><br />O espaço 'nome' foi criado pela Microsoft para que você digite O NOME que lhe foi dado no batismo.<br />Assim seus amigos aparecem de forma ordenada e você não tem que ficar clicando em cima dos mesmos pra descobrir que 'Vendo Abadá do Chiclete e Ivete' é na verdade Tiago Carvalho, ou 'Ainda te amo Pedro Henrique' é o MSN de Marcela Cordeiro.<br />Mas a melhor parte da brincadeira é que normalmente o nick diz muito sobre o estado de espírito perfil da pessoa. Portanto, toda vez que você encontrar um nick desses por aí, pare para analisar que você já saberá tudo sobre a pessoa...<br /><br />'A-M-I-G-A-S o fim de semana foi perfeito!!!' acabou de entrar. Essa com certeza, assim como as amigas piriguetes (perigosas), terminou o namoro e está encalhadona. Uma semana antes estava com o nick 'O fim de semana promete'. Quer mostrar pro ex e pros peguetes (perigosos) que tem vida própria, mas a única coisa que fez no fim de semana foi encher o rabo de Balalaika, Baikal e Velho Barreiro e beijar umas bocas repetidas.<br /><br />O pior é que você conhece o casal e está no meio desse 'tiroteio', já que o ex dela é também conhecido seu, entra com o nick 'Hoje tem mais balada!', tentando impressionar seus amigos e amigas e as novas presas de sua mira, de que sua vida está mais do que movimentada, além de tentar fazer raiva na ex.<br /><br />'Polly em NY' acabou de entrar. Essa com certeza quer que todos saibam que ela está em uma viagem bacana. Tanto que em breve colocará uma foto da 5ª Avenida no Orkut com a legenda 'Eu em Nova York'. Por que ninguém bota no Orkut foto de uma viagem feita a Praia-Grande - SP ?<br /><br />'Quando Deus te desenhou ele tava namorando' acabou de entrar. Essa pessoa provavelmente não tem nenhuma criatividade, gosto musical e interesse por cultura. Só ouve o que está na moda e mais tocada nas paradas de sucesso. Normalmente coloca trechos como 'Diga que valeuuu' ou 'O Asa Arreia' na época do carnaval.<br /><br />Por que a vida faz isso comigo?' acabou de entrar. Quando essa pessoa entrar bloqueie imediatamente. Está depressiva porque tomou um pé na bunda e irá te chamar pra ficar falando sobre o ex.<br /><br />'Maria Paula ocupada prá c** ' acabou de entrar. Se está ocupada prá c**, por que entrou cara-pálida? Sempre que vir uma pessoa dessas entrar, puxe papo só pra resenhar; ela não vai resistir à janelinha azul piscando na telinha e vai mandar o trabalho pro espaço. Com certeza.<br /><br />'Paulão, quero você acima de tudo' acabou de entrar. Se ama compre um apartamento e vá morar com ele. Uma dica: Mulher adora disputar com as amigas. Quanto mais você mostrar que o tal do Paulão é tudo de bom, maiores são as chances de você ter o olho furado pelas sua amigas piriguetes (perigosas).<br /><br />'Marizinha no banho' acabou de entrar. Essa não consegue mais desgrudar do MSN. Até quando vai beber água troca seu nick para 'Marizinha bebendo água'. Ganhou do pai um laptop pra usar enquanto estiver no banheiro, mas nunca tem coragem de colocar o nick 'Marizinha matriculando o moleque na natação'.<br /><br />> > > ' < . ººº< . ººº< / @ || e $ $ ! || |-| @ >ªªª . >ªªª >' acabou de entrar. Essa aí acha que seu nome é o Código da Vinci pronto a ser decodificado. Cuidado ao conversar: ela pode dizer 'q vc eh mtu déixxx, q gosta di vc mtuXXX, ti mandá um bjuXX'.<br /><br />'Galinha que persegue pato morre afogada' acabou de entrar. Essa ai tomou um zig e está doida pra dar uma coça na piriguete que tá dando em cima do seu ex. Quando está de bem com a vida, costuma usar outros nicks-provérbios de Dalai Lama, Lair de Souza e cia.<br /><br />'VENDO ingressos para a Chopada, Camarote Vivo Festival de Verão, ABADÁ DO EVA, Bonfim Light, bate-volta da vaquejada de Serrinha e LP' acabou de entrar. Essa pessoa está desesperada pra ganhar um dinheiro extra e acha que a janelinha de 200 x 115 pixels que sobe no meu computador é espaço publicitário.<br /><br />'Me pegue pelos cabelos, sinta meu cheiro, me jogue pelo ar, me leve pro seu banheiro...' acabou de entrar. Sempre usa um provérbio, trecho de música ou nick sedutores. Adora usar trechos de funk ou pagode com duplo sentido. Está há 6 meses sem dar um tapa na macaca e está doida prá arrumar alguém pra fazer o servicinho.<br /><br />'Danny Bananinha' acabou de entrar. Quer de qualquer jeito emplacar um apelido para si própria, mas todos insistem em lhe chamar de Melecão, sua alcunha de escola. Adora se comparar a celebridades gostosas, botar fotos tiradas por si mesma no espelho com os peitos saindo da blusa rosa. Quer ser famosa. Mas não chegará nem a figurante do Linha Direta.<br /><br />Bom é isso, se quiserem escrever alguma mensagem, declaração ou qualquer coisa do tipo, tem o campo certo em opções 'digitem uma mensagem pessoal para que seus contatos a vejam' ou melhor, fica bem embaixo do campo do nome!! Vamos facilitar!!!! <span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-90295008697781107642009-04-25T22:10:00.002-07:002009-04-25T22:11:23.793-07:00EU TE AMO... Não Diz Tudo!!!Você sabe que é amado(a) porque lhe disseram isso?<br /><br />A demonstração de amor requer mais do que beijos, sexo e palavras.<br /><br />Sentir-se amado é sentir que a pessoa tem interesse real na sua vida,<br /><br />Que zela pela sua felicidade,<br />Que se preocupa quando as coisas não estão dando certo,<br /><br />Que se coloca a postos para ouvir suas dúvidas,<br />E que dá uma sacudida em você quando for preciso.<br /><br />Ser amado é ver que ele(a) lembra de coisas que você contou dois anos atrás,<br /><br />É ver como ele(a) fica triste quando você está triste,<br />E como sorri com delicadeza quando diz que você está fazendo uma tempestade em copo d'água.<br /><br />Sente-se amado aquele que não vê transformada a mágoa em munição na hora da discussão.<br /><br />Sente-se amado aquele que se sente aceito, que se sente inteiro.<br />Aquele que sabe que tudo pode ser dito e compreendido.<br /><br />Sente-se amado quem se sente seguro para ser exatamente como é,<br />Sem inventar um personagem para a relação,<br />Pois personagem nenhum se sustenta muito tempo.<br /><br />Sente-se amado quem não ofega, mas suspira;<br />Quem não levanta a voz, mas fala;<br />Quem não concorda, mas escuta.<br /><br />Agora, sente-se e escute: Eu te amo não diz tudo! <span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-37088991782753527882009-04-25T22:10:00.001-07:002009-04-25T22:10:43.557-07:00Estamos com Fome de AmorUma vez Renato Russo disse com uma sabedoria ímpar: "Digam o que disserem, o mal do século é a solidão". Pretensiosamente digo que assino embaixo sem dúvida alguma. Parem pra notar, os sinais estão batendo em nossa cara todos os dias.<br /><br />Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes, danças e poses em closes ginecológicos, chegam sozinhas. E saem sozinhas. Empresários, advogados, engenheiros que estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos.<br /><br />Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dance", incrível. E não é só sexo não, se fosse, era resolvido fácil, alguém duvida?<br /><br />Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho sem necessariamente ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico, fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçados, sabe, essas coisas simples que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.<br /><br />Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção. Tornamos-nos máquinas e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir", só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós.<br /><br />Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada no site de relacionamentos Orkut, o número que comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra ser sozinho!".<br /><br />Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis.<br /><br />Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento e estamos a cada dia mais belos e mais sozinhos. Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário, pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa. Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia é feio, démodé, brega.<br /><br />Alô gente! Felicidade, amor, todas essas emoções nos fazem parecer ridículos, abobalhados, e daí? Seja ridículo, não seja frustrado, "pague mico", saia gritando e falando bobagens, você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta.<br /><br />Mais (estou muito brega!), aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois.<br /><br />Quem disse que ser adulto é ser ranzinza? Um ditado tibetano diz que se um problema é grande demais, não pense nele e se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele. Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo ou uma advogada de sucesso que adora rir de si mesma por ser estabanada; o que realmente não dá é continuarmos achando que viver é out, que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo ou que eu não posso me aventurar a dizer pra alguém: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois ou quem sabe os dois, vão querer pular fora, mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".<br /><br />Antes idiota que infeliz! <span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-8086811310015500902009-04-25T22:08:00.000-07:002009-04-25T22:09:05.887-07:00Amor é Prosa, Sexo é Poesia<div style="text-align: left;"><p class="fr0">Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:<br />- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.<br />- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.<br />- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...<br />Uma delas (solteira e lírica) me diz:<br />- Sexo e amor são a mesma coisa...<br />A outra (casada e prática) retruca:<br />- Não são a mesma coisa não...<br />Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.<br />O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.<br />O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.<br />No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.<br />Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Seco, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.<br />Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.<br />Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UM “AMORZINHO” PARA INICIAR. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.</p> <span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span></div>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-21233697792730410492009-04-25T22:03:00.001-07:002009-04-25T22:03:47.467-07:00Seja um Idiota!A idiotice é vital para a felicidade.<br /><br />Gente chata essa que quer ser séria, profunda e visceral sempre. Putz! A vida já é um caos, por que fazermos dela, ainda por cima, um tratado? Deixe a seriedade para as horas em que ela é inevitável: mortes, separações, dores e afins.<br /><br />No dia-a-dia, pelo amor de Deus, seja idiota! Ria dos próprios defeitos. E de quem acha defeitos em você. Ignore o que o boçal do seu chefe disse. Pense assim: quem tem que carregar aquela cara feia, todos os dias, inseparavelmente, é ele. Pobre dele.<br /><br />Milhares de casamentos acabaram-se não pela falta de amor, dinheiro, sexo, sincronia, mas pela ausência de idiotice. Trate seu amor como seu melhor amigo, e pronto.<br /><br />Quem disse que é bom dividirmos a vida com alguém que tem conselho pra tudo,soluções sensatas, mas não consegue rir quando tropeça?<br /><br />hahahahahahahahaha!...<br /><br />Alguém que sabe resolver uma crise familiar, mas não tem a menor idéia de como preencher as horas livres de um fim de semana? Quanto tempo faz que você não vai ao cinema?<br /><br />É bem comum gente que fica perdida quando se acabam os problemas. E daí,o que elas farão se já não têm por que se desesperar?<br /><br />Desaprenderam a brincar. Eu não quero alguém assim comigo. Você quer? Espero que não.<br /><br />Tudo que é mais difícil é mais gostoso, mas... a realidade já é dura; piora se for densa.<br /><br />Dura, densa, e bem ruim.<br /><br />Brincar é legal. Entendeu?<br /><br />Esqueça o que te falaram sobre ser adulto, tudo aquilo de não brincar com comida, não falar besteira, não ser imaturo, não chorar, não andar descalço,não tomar chuva.<br /><br />Pule corda!<br /><br />Adultos podem (e devem) contar piadas, passear no parque, rir alto e lamber a tampa do iogurte.<br /><br />Ser adulto não é perder os prazeres da vida - e esse é o único "não" realmente aceitável.<br /><br />Teste a teoria. Uma semaninha, para começar.<br /><br />Veja e sinta as coisas como se elas fossem o que realmente são:<br />passageiras. Acorde de manhã e decida entre duas coisas: ficar de mau humor e transmitir isso adiante ou sorrir...<br /><br />Bom mesmo é ter problema na cabeça, sorriso na boca e paz no coração!<br /><br />Aliás, entregue os problemas nas mãos de Deus e que tal um cafezinho gostoso agora?<br /><br />A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso cante, chore,dance e viva intensamente antes que a cortina se feche!<br /><span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-26794731170793270772009-04-25T21:58:00.001-07:002009-04-25T21:58:48.511-07:00Crônica do Amor<p class="fr0">Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrário os honestos, simpáticos e não fumantes teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.<br /><br />O amor não é chegado a fazer contas, não obedece à razão. O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.<br /><br />Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e é fã do Caetano. Isso são só referenciais.<br /><br />Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca.<br /><br />Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.<br /><br />Você ama aquela petulante. Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco.<br /><br />Você gosta de rock e ela de chorinho, você gosta de praia e ela tem alergia a sol, você abomina Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no<br />ódio vocês combinam. Então?<br /><br />Então, que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela é mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.<br /><br />Você ama aquele cafajeste. Ele diz que vai e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário. Ele não emplaca uma semana nos empregos, está sempre duro, e é meio galinha. Ele não tem a<br />menor vocação para príncipe encantado e ainda assim você não consegue despachá-lo.<br /><br />Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita na boca, adora animais e escreve poemas. Por que você ama<br />este cara?<br /><br />Não pergunte pra mim; você é inteligente. Lê livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comédia romântica também tem seu valor.<br /><br />É bonita. Seu cabelo nasceu para ser sacudido num comercial de xampu e seu corpo tem todas as curvas no lugar. Independente, emprego fixo, bom saldo no banco. Gosta de viajar, de música, tem loucura<br />por computador e seu fettucine ao pesto é imbatível.<br /><br />Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo. Com um currículo desse, criatura, por que está sem um amor?<br /><br />Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.<br /><br />Não funciona assim.<br /><br />Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC. Ama-se justamente pelo que o Amor tem de indefinível.<br /><br />Honestos existem aos milhares, generosos têm às pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó!<br /><br />Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é! Pense nisso. Pedir é a maneira mais eficaz de merecer. É a contingência maior de quem precisa.</p> <span class="aut"><a href="http://www.pensador.info/autor/Arnaldo_Jabor/" class="autor">Arnaldo Jabor</a></span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-48432605791422566872009-04-25T21:56:00.000-07:002009-04-25T21:57:18.478-07:00Para Mulheres com mais de 30.Isto é para as mulheres de 30 anos pra cima…<br />E para todas aquelas que estão entrando nos 30,<br />e para todas aquelas que estão com medo de entrar nos 30…<br />E para homens que têm medo de meninas com mais de 30!!!<br />“ A medida que envelheço, e convivo com outras,<br />valorizo mais as mulheres que estão acima dos 30.<br />Estas são algumas razões do porquê:<br />- Uma mulher de 30 nunca o acordará<br />no meio da noite para perguntar: “O que você está pensando?”<br />Ela não se importa com o que você está pensa,<br />mas se dispõe de coração se você tiver intenção de conversar.<br />- Se a mulher de 30 não quer assistir ao jogo, ela não fica<br />à sua volta resmungando.<br />Ela faz alguma coisa que queira fazer.<br />E, geralmente è alguma coisa bem mais interessante.<br />- Uma mulher de 30 se conhece o suficiente<br />para saber quem é, o que quer e quem quer.<br />Poucas mulheres de 30 se incomodam com<br />o que você pensa dela ou sobre o que ela esta fazendo.<br />- Mulheres dos 30 são honradas.<br />Elas raramente brigam aos gritos com<br />você durante a ópera ou no meio de um<br />restaurante caro. É claro, que se você merecer,<br />elas não hesitarão em atirar em você, mas só<br />se ainda sim elas acharem que poderão se<br />safar impunes.<br />- Uma mulher de 30 tem total confiança<br />em si para apresentar-te para suas melhores amigas.<br />Uma mulher mais nova com um homem tende a<br />ignorar mesmo sua melhor amiga porque ela<br />não confia no cara com outra mulher.<br />E falo por experiência própria. Não se fica<br />com quem não confia, vivendo e aprendendo né???<br />- Mulheres se tornam psicanalistas quando envelhecem.<br />Você nunca precisa confessar seus pecados<br />para uma mulher de 30. Elas sempre sabem….<br />- Uma mulher com mais de 30 fica linda usando<br />batom vermelho. O mesmo não ocorre com<br />mulheres mais jovens.<br />- Mulheres mais velhas são diretas e honestas.<br />Elas te dirão na cara se você for um idiota,<br />se você estiver agindo como um!<br />- Você nunca precisa se preocupar onde se<br />encaixa na vida dela. Basta agir como homem,<br />e o resto deixe que ela faça;.<br />- Sim, nós admiramos as mulheres com mais<br />de 30 por um “sem” números de razões.<br />Infelizmente, isso não é recíproco.<br />Para cada mulher de mais de 30, estonteante,<br />inteligente, bem apanhada e sexy,<br />existe um careca, velho, pançudo em<br />calças amarelas bancando o bobo para<br />uma garçonete de 22 anos.<br />Senhoras, EU PEÇO DESCULPAS:<br />Para todos os homens que dizem,<br />“porque comprar uma vaca se você pode<br />beber o leite de traça?”, aqui está a novidade para vocês:<br />Hoje em dia 80% das mulheres são contra<br />o casamento, sabe por quê?<br />Porque as mulheres perceberam que<br />não vale a pena comprara um porco inteiro<br />só para ter uma lingüiça. Nada mais justo.”<br />Arnaldo JaborSpósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-4328604427653569930.post-40656706353214080262009-04-25T19:08:00.000-07:002009-04-25T19:10:52.521-07:00Relacionamentos<span style="font-family: arial;font-size:100%;" >Sempre acho que namoro, casamento, romance, tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:"- Ah, terminei o namoro...<br />- Nossa, estavam juntos há tanto tempo...<br />- Cinco anos.... que pena... acabou...<br />- é... não deu certo..."Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou. E o bom da vida, é que você pôde ter vários amores.<br />Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam. Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro?E não temos essa coisa completa.<br />Às vezes ela é fiel, mas é devagar na cama.<br />Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.<br />Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.<br />Às vezes ela é muito bonita, mas não é sensível.<br />Tudo junto, não vamos encontrar.<br />Perceba qual o aspecto mais importante para você e invista nele.Pele é um bicho traiçoeiro. Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia.<br />E às vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...<br />Acho que o beijo é importante... e se o beijo bate... se joga... se não bate... mais um Martini, por favor... e vá dar uma volta.Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra. O outro tem o direito de não te querer.<br />Não brigue, não ligue, não dê pití. Se a pessoa tá com dúvidas, problema dela, cabe a você esperar... ou não. Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.<br />O ser humano não é absoluto.<br />Ele titubeia, tem dúvidas e medos, mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta. Nada de drama. Que graça tem alguém do seu lado sob pressão?O legal é alguém que está com você, só por você. E vice-versa. Não fique com alguém por pena. Ou por medo da solidão. Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado. E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.Tem gente que pula de um romance para o outro. Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia? Gostar dói. Muitas vezes você vai sentir raiva, ciúmes, ódio, frustração... Faz parte. Você convive com outro ser, um outro mundo, um outro universo.<br />E nem sempre as coisas são como você gostaria que fosse... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.<br />Se alguém vier com este papo, corra, afinal você não é terapeuta. Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.Na vida e no amor, não temos garantias. Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar. Nem todo beijo é para romancear. E nem todo sexo bom é para descartar... ou se apaixonar... ou se culpar...<br />Enfim...quem disse que ser adulto é fácil ????</span>Spósito©http://www.blogger.com/profile/11702937204312091511noreply@blogger.com2